quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Fim de semana tranquilo




Na sombra, na penumbra,
No fim do dia de um fim de semana
Foi difícil e castigante,
Com períodos de acalmia.
E agora no terminal da noite,
Tenso, penoso, suado e extenuante,
Não pude mais, talvez continuasse...
Mas enfim me motiva, estou são,
A vida ainda não me abandona,
Tenho momentos de leve descontração.
E começar tudo como de costume,
A semana é nova e a disposiçao também,
Virando segunda-feira de rotina maçante,
Esperando, no fim das contas,
Uma pausa de cinco dias pra se acabar novamente.






sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Nasceu a esperança!




Começou com reis presenteando a esperança, líder dos humildes com um caminho a trilhar, representando o Pai para dar-nos uma razão.
Amor sempre foi o princípio, dois mil anos se passaram e muitos natais sem Jesus, em meio a coletiva indiferença.
Quão importante é um ato, uma lembrança! Um níquel ou um milhão?
Humanidade se degrada mas o humano resiste. Não se trata do bem nem do mal, a escuridão não é permanete diante da luminosidade do homem.
Lutas e sofrimentos impostos ainda persistem inexplicáveis, sem compaixão, no ato dos insensatos.
Mas a fé ainda sobrevive como criança inocente, alimentado a alma com calor, gerando compaixão e fraternidade. Mesmo a missão  sendo imensa, o mínimo já compensa.
Podemos amar, é Natal outra vez...

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Eu protesto!




Sou contra discriminação, imoralidade, falta de ética e corrupção. E quem seria a favor? 
Ninguém nasce correto, educação moral e cívica, era disciplina na escola e no lar. que ingenuidade, virou disciplina de jardim de infância.
Ser correto diante das câmeras, pagar impostos compulsoriamente, estacionar, mas rapidamente, na vaga de deficiente, cidadania na medida da necessidade. 
É impossível evitar... não xingar as mães dos incautos ao volante, chamar seis no truco ou um bico na canela numa pelada entre amigos...
O certo do agir certo, dentro da tolerância de uma cultura sui generis. Ser brasileiro não é defeito. É justificativa.
O odor emana de Brasília e todos até que se revoltam. Propina, uma gorjeta de garçon, lá é institucional e legal. República velha ou semi-nova, se dar bem é o lema.
Miséria, descaso, enchente e tsunami da imoralidade, lá vem a Copa pra aumentar a rentabilidade. Os sábios em sua toga julgam os seus pares. Como punição, aposentadoria obrigatória sem direito a benesse ou esquema.
A quem interessar possa, se digne e pegue essa causa.
Não quero mais saber, cansei! Vou cuidar do meu amor, levar o cachorro pra passear.
Agora eu só protesto, por mais feijão na minha marmita!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Natal S/A



Após o ano inteiro, época de lavar a alma, purgar os pecados e mal pensamentos. Generosidade repentina compensando a consiciência inchada.
Luzes pelas ruas, anúncios de presentes bombardendo nossas mentes. Músicas paraguaias monotonicas, harmonizando o espírito, anestesiando os sentidos, amenizando a dor.
Vermelho e verde dão o tom. Sorrisos de aeromoça das vendedoras atenciosas, filas nos shoppings para estacionar. Fatos do cotidiano no mês do décimo terceiro.
Roupas e brinquedos; jóias e viagens; merecidamente autopresenteados em nome do bom velhinho.
Costumes da sociedade moderna, banalizações assimiladas, filhos fotografados com papais noeis promocionais, família reunida numa ceia de fartura, hora de mais uma refeição, trocando abraços anuais, simbolos da felicidade.
Acaba-se o ano, espocam-se as champanhes, passa-se uma régua e começa tudo de novo em doze suaves parcelas...


terça-feira, 13 de dezembro de 2011

BFF


Amigas desde a escola, dividiam tudo. Segredos, coisas, menos namorados. Adolescentes, tinham só ideias imediatistas. O que iriam fazer depois? Talvez soubessem mas parecia muito distante, nem se importavam.
Ah... os 15 anos! Filhas comportadas da modernidade, iam em shoppings azarar. Festinhas com a galerinha, preocupadas no que outros iam achar. Risadas e gargalhadas, como achavam graça.
Sabidas e espertas se julgavam. Sofriam com inveja e ciúmes. Tinham uma amiga em comum, mas não tão em comum com uma delas. Ai, ai, era a pivô da confusão. Lembro como se magoaram. Se amavam, choravam, abraçaram e se entenderam. Eram duas e agora são três.
Madrugada na web na época dos chats só de bagunça e zoando. Tinham ICQ e orkut só estava começando. MSN nem tinha moral... Acesso discado, E mail era pago e Correios ainda entregava cartas.
Ótimas lembranças... Pequenos problemas pareciam imensos. Noites divertidas em conversas sem finalidades. Mas importantes de alguma maneira, pois alguma coisa ficou.
Amizade de longa época, perpetuando ainda hoje no Facebook e Twitter. Com smartphones ou tablets, são contatos mantidos já difícil pela distância. Estão separadas pela geografia mas conectados pelas ondas.
São senhoras balzaqueanas, resolvidas até um ponto, trabalhando e acertando, nas relações públicas ou na informática. Esbanjam charme e muita energia em pleno esplendor, mulheres mais do que nunca, um dia foram meninas que amavam e gritavam pelo Backstreet Boys.

 Para amigas Beta e Maíra.


sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Infância



Peguei ansioso a caixa como sempre fazia.
Minha vó a guardava carinhosamente e me via brincar com as miniaturas de carros cuidadosamente arrumados nesta caixa. Brinquedinho que comprávamos todas as vezes que íamos buscar pão para o lanche da tarde.
Eram sagradas as férias em sua casa. Quando ela me chamava para acompanhá-la na padaria, ia pretensiosamente esperando o presente, já que havia se tornado um hábito uma passadinha nas Lojas Americanas.
Andar de bicicleta, ver TV, brincar de jogos, tudo era maravilhoso mas aquela caixa era mágica. Era a brincadeira preferida...
Preparava o ambiente, alinhava os carros, movimentava-os na maquete improvisada entre revistas e livros no velho tapete da sala. Os mintutos transformavam em horas e depois em anos.
Correu-se o tempo sem perceber...
Um dia foi diferente e mudou.  Deveria ser como antes mas estranhamente não tinha mais graça, ficou sem finalidade. Terminou tudo sem aviso, uma morte súbita sem doença prévia.
Tudo voltou para a caixa sem que tivesse muito a explicar. E assim, nunca mais foi aberta...
Era o fim da infância. Era o fim da magia. O tempo se rompeu sem nenhum preparo...
Não imaginava como isso permanecia na lembrança, ao reencontrar a velha caixa de metal.
Memórias de uma época que foi bela, interrompida paulatinamente, pela lacuna da ausência...
Ficaram saudades das pessoas e dos momentos que em flashes habitam o meu pensamento, da incomparável felicidade que tive de quando criança que fui um dia...

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Você




Fica sem graça quando insisto em te encarar,
Desvia o olhar num sorriso tímido,
Confiro sua reação, seu charme natural,
É incondicional...
Semblante convergente, ficou zangada, está aborrecida, nem melhor perguntar.
Distraída é carinhosa e afetuosa,
Quando tem descontração,
Sem pressão nem obrigação...
Sentindo em suas mãos, um calor radiante,
Delicados dedos ornam anéis em harmonia.
Perfeita combinação: Figura e linguagem...
Está angustiada e busca racionalizar,
Não quer se arriscar, sofreu, nem quer se lembrar.
Luta para conquistar, nada parece acertar e tudo a conspirar.
Reprime os sentimentos, nem dá pra entender,
Sem tempo a perder, não vale a pena tentar.
Talvez um príncipe, um castelo, eterna felicidade,
Mas enquanto a vida não faz surpresas,
Vai se realizando no cotidiano castigante,
No dia a dia da sobrevivente,
Sapos a espreita na amizade, 
E em um apê de sala e quarto,
De um bairro distante...


Eu



Idas e vindas, tento eu a não continuar,
Como um carrossel, não saio do lugar...
Tem a ver comigo certamente,
Assimilo mas me aborrece,
Devo ter um fator limitante...
Tenho-a sempre na minha mente,
E a química é efervescente,
Sempre que penso ou fico presente,
Boa sensação e também frustrante
É bom mas não o suficiente,
É claro mas não é brilhante
Preciso só de pouco, não sou exigente,
Mas para você é muito,
E talvez tenha razão,
O mundo tem padrões e deve ser sensato,
Exceto quando o coração aperta,
Assume-se o risco e o errado vira o certo,
O problema não existe e a solução vem antes.
Não é tão complicado, é simples,
Que de mim não depende totalmente,
É amar e ser amado...

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Inércia




Não é nome... Se for é de pobre.
Lei da dinâmica, quem tem massa sofre.
É vontade de ficar como está,
Parado continuar e se em movimento permanecer.
É vida, é Física, regidas por essa primeira lei.
Confortavel é deixar, manter, continuar,
Parado com preguiça ou ligado na última.
Celular às 6, música que já foi favorita até virar toque,
Como sair da cama sem antes ouvir todos os replays?
Depois do almoço, cadê a energia, deitado no sofá, tirando uma cesta.
Tem que trabalhar, levantar, sacudir e xispar,
Mas depois que começar, toda velocidade...
Sem parar, continuar, há que terminar, só mais um pouquinho
Na hora do relax, agora sim que o embalo pega,
Mandar um último petisco, pedir a saideira, e quando levantar da cadeira?
Animando a conversa, vendo gente passar e o tempo estacionar.
E o banho quente relaxante, horas derretendo o sabonete, precisando parar...
De madrugada onde foi o sono?
Vendo filme, ouvido música ou tuitando insights medíocres...
Segue-se o tempo em velocidade constante, preguiçoso e conivente.
Quem precisa de emoções?
Terminar o namoro, antes mais um beijinho e apertinho,
Casar ou descasar, somar ou dividir, continuar ou parar... tudo fica como está...
Chegar e abordar, mil coisas passam para ponderar...
E se for rejeitado, desprezado ou até pisoteado?
E se for amar, terá de ser intenso?
Pra que mudar, tá bom assim,
Bom ou ruim, depois se resolve...




quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Lado B da tristeza

Ilustração: Rafaela Okada©


Lado B desprezado, como prefácio e bibliografia, sem importância relevada, faz parte do contexto. Contemplam às vezes jóias, causando faíscas acendendo um rastilho.
Há sempre dois lados, o bom e não necessariamente o ruim... O claro contrapõe o escuro e vivem harmoniosamente dando uma serena meia-luz.
Na morte se resume tudo, mas a história é a vida. Ficam-se boas lembranças e as más apagadas. Começa no útero de conchinha que no subconsiente da vida adulta persiste, recuperando a auto-estima ao assumir plasticamente, emanando da memória o bem estar saudoso...
Nem sempre vemos razões para a tristeza. Aparece sem ser convidada, sem nexo, sem pretexto. Lidamos e convivemos, mas nos preocupa a frequência e a intensidade...
Duvido que fomos feitos para a felicidade mas momentos sublimes nos são dados. Melancolia é uma tristeza ponderada de otimismo e romantismo. Mesmo na mais profunda depressão há insight de luz e definição...
Vive-se dentro de uma esperança e na turva situação haverá um veio de clareza. Essa busca que não finda, nesta vida cotidiana, haverá sempre razões para dissipar a tristeza, tendo em mente que do outro lado, solitária ou comigo, certamente estará te aguardando, a felicidade... 

Para Rafaela ♥

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Vida é sonhar...

ilustração: Rafaela Okada
direitos reservados



Desejar o impossível, imaginar o ideal, sem imperfeição nem defeitos.
É sonho porque não é tangível, é inalcançável...
Ter a liberdade, pode-se sonhar de tudo, não ter limites nem restrições.
Não paga imposto, sigilo absoluto, fantasia ou realidade...
Pode-se desejar, cobiçar ou invejar.
Só você sabe, é possível pecar.
Sonhar não tem culpa, sonhar te estimula...
Pode-se até acreditar e sonhar para alcançar.
Sonhar acordado, desejar um futuro, imaginar o melhor, talvez possa se realizar...
Não há limites para o sonho, apenas para a realização...

Pensamento voa, não tem censura, é o sonho do sono
Como é possível voar, cair sem se machucar?
Correr sem sair do lugar, fogo que não esquenta, respirar no fundo do mar?
É verdade, desde que não desperte...
Angustiante, doloroso e horripilante...
Tudo passa descerrando os olhos.
Não é coerente, no tempo nem no espaço.
É o aguardado sonho que faz o sono menos entediante...

Ter um amor perfeito,
Apagar os erros do passado,
Talvez reescrever a história,
Para uma felicidade infinita...
Ficar junto aos seus,
Imaginar que não exista morte,
Ou que seja a vida uma passagem,
Que nunca exista dor nem saudade,
É o sonho da gente
De um sono perfeito que ao acordar,
Ainda continue...

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Posso te amar?



Precisa de carinho, quer ser amada
Quer tudo do seu jeito ,
Nunca faz nada de errado.
Toda meiga e charmosamente insegura,
Sorriso tímido e desconfiado
Balança os cabelos longos com seus dedos finos...

Tem medo como todos, avança se puder,
Tem fé como poucos, acredita no bem.
Vive a família, tem respeito, moral e receio.
É decidida, mas dúvidas sempre a rodeiam,
Firme na atitude, nem tanto quando embola o meio...

Quer acertar, deseja ser feliz,
Não consegue trabalhar, preocupada em não errar.
Todos querem mandar, ninguém vai ajudar
Tudo bem, dá-se um jeito...
Fica a lição, assim aprende-se a andar.
Podia ser diferente, parecia mais simples e perfeito...

Tem solidão, mesmo na multidão,
Tem paixão, precisa de interação.
Fala com amigos e o primo sempre atento.
Relembra a infância mas agora nem tem tanta graça,
Fez a escolha, teve o seu momento...

Amou sim, sempre há a primeira vez.
Chorou como nunca quase perdeu a razão.
Mediu o sentimento, segurou o coração,
Quanto sofrimento só porque sonhou.
Viveu o presente, insuficiente...
Perdeu o futuro, esperando um talvez,
Sendo mulher, calou e se fechou.

Haverá um dia o alívio,
Será como um lindo dia ensolarado.
Uma brisa irá sentir, sempre presente ao seu lado...
As palavras e carinhos virão à tona como melodia,
Sentirá o perfume quase esquecido na lembrança,
Sabendo que a paz reinará após o dilúvio,
Viverá sem medo e livre, intensa a cada dia...


(para Stefani)





domingo, 6 de novembro de 2011

Tuas escolhas, certas ou erradas...



Se fosses contar o tempo
Ficarías preocupada
Não tens como recomeçar
Dar pausa para pensar
Cada minuto é uma decisão
Desde escolher cardápio ou casar...
Ainda te preocupas
O que irão imaginar
Tua conduta exemplar
Parece leviana ao meu olhar
Deixar de apaixonar
Ou simplesmente ficar
Parece uma difícil decisão
Mas para o tempo não importa
Porque não vai deixar de passar...
Desde que deixaste de brincar
Começou o tempo a contar
Só tens olhos para os desejos
Nem sempre é o que precisas
Mas o que importa
Queres realizar
Transpiras juventude e superficialidade
Vives momentos importantes
Alimentas sentimentos frustantes
Que o tempo vai te revelar...
Não existe regulamento
Nem o certo ou errado
Na busca por um sentido
Tudo terás o teu tempo
Poderás ser feliz
Se puderes entender
Que navegas através do tempo
Que insiste em correr
Ignorando a tua necessidade
Até um dia passar
E nunca mais voltar...


para AC

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Feliz Aniversário!






Que maravilhoso ter nascido.
Ter conhecido o calor.
Presença dos pais nos primeiros passos.
Sentindo-me forte e superando a dor...

Que bom ter o sentido,
Ter a razão da existência.
Motivação para seguir em frente,
Registrando como experiência...

Que angustiante é crescer,
Ter que entender as limitações,
Mas conto com a presença dos meus,
Compensando as frustrações...

Que encanto é essa vida
Ter um dia para comemorar,
Por ter nascido nesta data,
Querendo que repita pela vida sem parar...

Que lindo é esse dia
Ter amigos para festejar
Próximos ou distantes sempre com carinho,
Parabéns e felicidades, todos a desejar...

Para Carolina minha filha, sinto orgulho a cada dia 5 de novembro, por ter-se tornado esta pessoa de caráter forte e de intenso amor!
Parabéns! 


terça-feira, 1 de novembro de 2011

Namoro no portão



Toda noite em sua casa, sentados no sofá, mãos dadas carinhosamente, olhando a TV sem prestrar atenção. Beijos tímidos quando ninguém olhava, com muitos irmãos era quase impossível.
Como pode uma rotina ser maravilhosa?
Cabelos longos, sardas no rosto, olhar meigo e triste de cor verde... Ar misteriosa, carinhosa, nem sempre a entendia. Bastava a sua companhia, era só o que eu queria...
Vestida e maquiada, pronta pra ir ao cinema ou de havianas à vontade em casa, nem assim ficava desarrumada. Achava tudo bom, nem ligava...
Falávamos muito mas nada significante. Sem preocupação, éramos tudo um para outro, isso é que importava. Era só pretexto pra ficarmos grudados...
Na praia de mãos dadas, que clichê! Todos passam por isso mas quem se importava? Juntos na rede, tempo passava lento. Pensamentos voavam e sonhavamos acordados...
Como ela se preocupava... Tinha pra mim uma atenção exclusiva. Como poderia ficar indiferente, linda e luminosa, seria impossível não amá-la...
Quanta saudade sentíamos mesmo sendo algumas horas. Minutos pareciam séculos. Conectados, como nos entendíamos. 
De manhã, a tarde e a noite não saía do meu pensamento. Simplesmente ao seu lado era a realização, parecia irreal a felicidade, era só isso que queria pra eternidade...
Antes de ir embora, uma parada no portão.
Mesmo depois de tanto conversar tinha ainda assunto sem parar,
Só um tempinho a mais pra segurar na sua mão.
Abraçados sem trocar palavras, um beijo de despedida, voltava pra casa sem opção.
Último onibus passou há tempo e voltava caminhado sem preocupação.
Na vida, como tudo, era só de simplicidade,
Bastava estar apaixonado que nada mais interessava...


domingo, 30 de outubro de 2011

Rua Aitinga








Café e pão com manteiga,
Juntando farelo da toalha sobre a mesa.
Uma prosa escutando o apito da panela,
Como que anunciando: O almoço já chega!

Boteco e cerveja gelada,
Olhando a moça que passa,
De roupa colada e querendo sorrir,
Andando e desfilando, achando que não é nada...

Sentando na calçada, gente se juntando.
Todos se animando, escutando conversa fiada...
Futebol na rua com chinelo marcando o gol
Cão latindo, vizinha reclamando, samba tocando e o povo cantando...

Moram crianças e seus pais que foram filhos um dia.
Doutores, policiais, desempregados com seus cachorros e periquitos
Jogam futebol e volei, tocam viola e até saxofone...
Cresceram nesta rua em Inhaúma, num pacto de amizade e sabedoria.

Acabou o domingo, chegou o momento, é o fim do ditúrbio...
Garrafas recolhidas, cinzas na churrasqueira
Janelas sendo cerradas e comadres se despedindo,
Essa gente feliz! Nesta vida simples de subúrbio.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Tudo tem que ter explicação?



O que tudo isso tem a ver?
Moralidade dos justos, honestidades dos homens, a pureza de uma criança?
Somos homens desde quando? Desde nascimento ou no crescimento?
Quando se cria desgosto ve-se a realidade e nasce a esperança?

Sofremos na carne e na alma e como nos justificamos?
É uma sina, nós merecemos?
Fomos ruins, pecamos ou amamos?
Luxúria é pecado! Fomos ensinados...
Mas exemplos… não nos foram dados...
Mas quando se justifica pode!
Sexo com amor para eternecermos?

É uma doutrina institucionalizada?
É justo o que vimos e veremos?
Qual a razão de tudo isso?
O que querem que vejamos?

Trabalha-se para construir, acumular e gastar...
Ah... Realização, felicidade....
Posso ser feliz sem ter,
Mas não posso ser feliz sem trabalhar...
E quem me diz o que sou e o que devo fazer?
Ciência ou espiritualidade?
Conhecimento ou religião?

Não existe razão para ser do bem,
Nem punição para quem não o é...
O que faz-me suportar a realidade?
Essa indiferença que já é uma violência?
Quero entender, quero acreditar...
Numa justiça divina para a alma sem rumo?
No homem que mitifica?
No onipresente que nunca está presente?

Existe algo com certeza,
Um grilo falante no nosso ombro,
O id e o superego.
Uma energia, um brilho, um sopro...
Neste universo não tão infinito,
Mudando o tempo todo.

Existe Deus como símbolo,
Na cruz, nos santos e no seu filho...
Único ou vários
Nos templos, nas escritas e nos dogmas.

Deus está em cada um de nós,
Despojado e etéreo,
Que se faz presente sem ser notado,
Nas escolhas certas ou erradas e na bondade que praticamos,
Traçando o destino de cada um...
Está no Sol que brilha sem descanso e nas árvores que oferecem sombras.
Na vida e na morte, no amor e no ódio...
Até na graça do dinheiro encontrado,
No bolso do velho casaco,
Esquecido há tempos no fundo do armário...

domingo, 23 de outubro de 2011

Vestibular



Terminando o Colégio Objetivo, foram umas 10 provas feitas todas sem sucesso na capital, interior e até em sul de Minas. No ano seguinte, 1976, depois de mais um ano de cursinho no mesmo Objetivo, a 11a prova, desta vez o unificado do CESGRANRIO no Rio de Janeiro.
Saimos de Sampa num corcel, sem galope, emprestado do pai, minha irmã e um velho amigo, todos colegas de sala, cada um com seu sonho: prestar medicina... Precavido, dia anterior, conhecer os locais e o trajeto, logística naturalmente...
Hotel na Rio Branco, fomos escalados todos nas escolas da Zona Sul, no Jardim Botânico os dois e eu na Gávea. Íamos todos os dias pela paisagem relaxante do aterro, seguia depois de deixá-los ao lado do Hospital da Lagoa, para a praça do Flamengo e do Miguel Couto, local das minhas provas.
Sempre primeiro a sair, sem paciência, fazia o que sabia e chutava o resto, mas com muita crítica e responsabilidade, aplicando toda a técnica assimilada no cursinho. Aliás, é assim até hoje, destaca-se da maioria cursinhos exatamente nesse quesito, além de ensinar as matérias, orientações e dicas de como se comportar e pensar nas provas, aplicando técnicas de marketing, psicologia e neurolinguística. Para cravar um xis aleatóriamente, existem técnicas!
Foram quatro dias, até que tranquilos. Terminado antes, aguardava calmamente fazendo um lanche, um sanduíche de carne assada ou pernil, acompanhado de um chopp ou coca, num tradicional boteco na Rua Faro, ouvindo as discussões habituais após provas...
Retornando a São Paulo, ainda frequentando às aulas, mas com desconfiança. Desta vez fui melhor, tinham mais vagas... talvez quem sabe...
No dia aguardado, no jornaleiro VIP em plena Paulista, folheio O Globo e encontro o meu número, conferido e reconferido, em meio a tantos outros!! Sensação muito estranha, como poderia ser possível? Existia uma pressão habitual para aprovação, afinal esse é o primeiro gargalo da vida adulta de qualquer estudante. Preguiçoso e desmotivado, estudava somente o suficiente. Assumido o compromisso de prestar para medicina, conhecia a realidade... Afinal, nem era minha a escolha. Submissão à uma sabedoria materna que aconselhava e explanava como a vida seria mais valiosa sendo doutor...
E agora? Este fato aguardado mas inesperado... Não sou mais um fracassado! Será possível, assisitndo apenas com afinco às aulas-shows de Heródotos e Dráuzios foram suficientes? Foi a recompensa pelas noites sem jantar na pensão da Dona Leide? Foi um triunfo sem luta? Agora não importava mais...
Foi definitivo, assimilei o meu destino com uma outra motivação, superando a insegurança e dúvidas da minha própria capacidade, uma nova chance por um outro caminho...
Com ganho contabilizado, empenho dispensado, tranquilidade almejada. Mesmo assim, após 30 anos, sonho ainda com escolas, fazendo provas que não entendo, e ao acordar, percebo, não tão aliviado, de ter sido apenas mais um pesadelo que permanece como estampa, impregnada no meu subconsciente...

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Uma certa menina...




Seu sorriso amplo, vestido justo,
salto agulha e bolsa de grife.
Vem lenta, em minha direção,
olhando onde pisa, chamando a atenção...
Parece desatenta, 
olhar triste e pensativa.
Manda um sorriso, quebrando o gelo,
Até uma boa risada, espreme os olhos
e arruma os cabelos...
Cabelos longos,
arrumados ou soltos,
brilham na luz,
voam ao vento,
ofuscando os outros...
Sempre impecável, rosto maquiado,
lápis nos olhos e pele alva.
Figurino de acordo, cor da moda,
Sempre rodeada, pronta pra balada...
Segura e orgulhosa,
frágil na sua essência,
tem o poder e comanda,
é quando a menina é mulher,
poderia ser diferente mas não desanda...
Decidiu o que decidiu, foi o que aconteceu.
Sua companhia, melhor seria, 
despreocupada,
se mulher fosse também menina.
Seria muito mais simples,
mas é melhor assim, acredita ela,
Felicidade também pode ser sua sina...