Peguei
ansioso a caixa como sempre fazia.
Minha
vó a guardava carinhosamente e me via brincar com as miniaturas de
carros cuidadosamente arrumados nesta caixa. Brinquedinho que
comprávamos todas as vezes que íamos buscar pão para o lanche da tarde.
Eram
sagradas as férias em sua casa. Quando ela me chamava para
acompanhá-la na padaria, ia pretensiosamente esperando o
presente, já que havia se tornado um hábito uma passadinha nas Lojas
Americanas.
Andar
de bicicleta, ver TV, brincar de jogos, tudo era maravilhoso mas
aquela caixa era mágica. Era a brincadeira preferida...
Preparava
o ambiente, alinhava os carros, movimentava-os na maquete improvisada
entre revistas e livros no velho tapete da sala. Os mintutos
transformavam em horas e depois em anos.
Correu-se
o tempo sem perceber...
Um dia foi diferente e mudou. Deveria
ser como antes mas estranhamente não
tinha mais graça, ficou sem finalidade. Terminou tudo sem aviso, uma
morte súbita sem doença prévia.
Tudo voltou para a caixa sem que tivesse muito a explicar. E assim, nunca mais foi
aberta...
Era o
fim da infância. Era o fim da magia. O tempo se rompeu sem nenhum preparo...
Não
imaginava como isso permanecia na lembrança, ao reencontrar a velha caixa
de metal.
Memórias de uma época que foi bela, interrompida paulatinamente,
pela lacuna da ausência...
Ficaram
saudades das pessoas e dos momentos que em flashes habitam o meu
pensamento, da incomparável felicidade que tive de quando criança que
fui um dia...
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