sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Infância



Peguei ansioso a caixa como sempre fazia.
Minha vó a guardava carinhosamente e me via brincar com as miniaturas de carros cuidadosamente arrumados nesta caixa. Brinquedinho que comprávamos todas as vezes que íamos buscar pão para o lanche da tarde.
Eram sagradas as férias em sua casa. Quando ela me chamava para acompanhá-la na padaria, ia pretensiosamente esperando o presente, já que havia se tornado um hábito uma passadinha nas Lojas Americanas.
Andar de bicicleta, ver TV, brincar de jogos, tudo era maravilhoso mas aquela caixa era mágica. Era a brincadeira preferida...
Preparava o ambiente, alinhava os carros, movimentava-os na maquete improvisada entre revistas e livros no velho tapete da sala. Os mintutos transformavam em horas e depois em anos.
Correu-se o tempo sem perceber...
Um dia foi diferente e mudou.  Deveria ser como antes mas estranhamente não tinha mais graça, ficou sem finalidade. Terminou tudo sem aviso, uma morte súbita sem doença prévia.
Tudo voltou para a caixa sem que tivesse muito a explicar. E assim, nunca mais foi aberta...
Era o fim da infância. Era o fim da magia. O tempo se rompeu sem nenhum preparo...
Não imaginava como isso permanecia na lembrança, ao reencontrar a velha caixa de metal.
Memórias de uma época que foi bela, interrompida paulatinamente, pela lacuna da ausência...
Ficaram saudades das pessoas e dos momentos que em flashes habitam o meu pensamento, da incomparável felicidade que tive de quando criança que fui um dia...

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