sábado, 22 de dezembro de 2012

Rafaela

Ser o quiser ser, saber o que for possível.
Entender que é difícil entender,
Apenas viver conforme a sua expressão
Antes mesmo do seu próprio eu, 
Arte vem antes do artista
Fluindo natural e seguindo o seu curso.
Pela sensibilidade de xamã, vulnerável à beleza
Faz da simplicidade um toque para a grandiosidade
Torturada para ir além da mediocridade
Em busca de perfeição na criação
Para um sentido na vida e justificar um trabalho
Que será a moldura desse seu quadro exuberante
Diante do talento que é inato
Um manifesto à liberdade 
Para ser feliz a seu modo
No seu tempo e no seu espaço



sábado, 8 de dezembro de 2012

Feliz Natal



Teto é a primeira visão, claridade imensa vindo da janela que não foi bloqueada pela cortina. Pensamentos rápidos, raciocínio nem tanto, localizando-me no tempo e no espaço...Imóvel como se desconfiado, sentindo a situação...
Aroma de café paira no ar mixado ao de torrada com manteiga, barulho distante da rua, cachorro latindo, vozes pelo apartamento, não deve ser muito cedo.
Lembro-me de ter tentado ficar acordado... Mas não me lembro quando adormeci, nem se vi algo ou se ouvi. 
Ah é isso mesmo... O presente!
Na cabeceira, sob o travesseiro de fronha branca, encontro uma caixa com peças de madeira colorida ajustadas como um mosaico, com rodas para serem puxadas por uma corda vermelha com uma esfera amarela fixada por um nó na extremidade.
Seria para ficar ao pé de uma árvore brilhante e enfeitada mas nós não a tínhamos nem sei porque... Mas nunca me importei. 
Foi uma manhã como outra qualquer mas foi especial: Família reunida, trégua com a irmãzinha, havia uma certa magia inexplicável...Simples, radiante... 
Estranhamente, a sensação nunca mais se repetiu na minha lembrança. Outros Natais se passaram mas este foi o último da minha infância...

sábado, 17 de novembro de 2012

Mosaico


Telefone toca, uma mensagem chega,
Sorrio como criança,  me lembro de alguém
Ouço uma música, sinto um perfume,
Sonho como antigamente, feliz como ninguém
Brisa antes da chuva, cheiro de terra molhada
Dissipa-se a dor que me teve como refém...
Sempre amanhece, apesar da escuridão
Brilha o dia, agora sem piedade
Vejo sentido nesta vida em movimento
Tudo vai bem pra começar novamente
O mesmo caminho mas de um modo diferente
Colando mínimos fragmentos de felicidade 
Nesse mosaico que desenha a razão...





segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Professores e mestres


Inseguro no primeiro dia de aula, só e acuado numa imensa sala e lá veio ela com sua atenção discreta mas intensa, com sorriso angelical largo, em harmonia com o olhar acalentador.
Paciente e tranquila, esguia, elegante, trajando um tailleur escuro clássico sob um guarda-pó alvíssimo, como uma manta de uma santa contemporânea. 
Sem dúvida fez diferença para uma imagem aprazível do que vinha a ser a escola, incógnita até o momento na minha rude infância sem nenhuma informação a respeito, no alto dos meus seis anos de idade.
Dona Vera, esta personagem mítica, fez-me acreditar em carinho fora da família e entender que existem mães além da nossa. 
Com afeto, recordo dessa pioneira que guardo no meu coração, entre Haydeés e Estelitas que se sucederam na minha vida escolar, até os dias acadêmicos com professores doutores não menos importantes.
Esta convivência breve e fragmentada, com estas incríveis pessoas que se doam, moldou  meus conceitos e valores, deixou saudades até de reveses e das repreensões, naturalmente superados e assimilados, bem como dos abraços apertados na formatura, daqueles que fizeram diferença, mesmo rigorosos que foram, habitam luminosos a minha memória. 

sábado, 29 de setembro de 2012

Sorria, sua vida te aguarda!



Todos andam num sentido...
Que inveja a desperta de quem flutua noutra direção
Tenta não sair do trilho, esperando resignada as passagens pelas estações.
Entoa cânticos nos cultos, dá suas opiniões. 
São apenas retóricas e não ações.
Aprendeu o certo, sua mãe se esforçou, amou a infância mas de súbito amadureceu. 
Da rejeição agarrou-se numa situação. 
De revolta e dúvidas, mas que lhe trouxe um alento
Mais uma vez, dela não dependia... 
Tão reais os sonhos mas esvaíram-se ao despertar
O que mais a reserva, ninguém imagina.
Na encruzilhada novamente, entre o racional e o emocional
Enclausurada pela escuridão, a espera de uma pequena luz
Que seja do seu interior ou mesmo de um astro que brilhe distante.
A cada momento um pensamento, exceto quando não se tem tempo
Perdendo-se na realidade, infinito é o sofrimento
Sensato aguardar?
Definição do seu destino, em suas mãos talvez esteja
Mas até lá...Viver o que há, cada dia da sua imensa vida
Com faíscas de alegrias momentâneas e cíclicas
Nos insights de felicidades marcantes e...
Quiçá paixão

para Fabiana

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Quando só a beleza não basta...



Sem noção, na inocência ou até na malícia
Vive na arrogância só enxerga o próprio umbigo
É uma leoa, coração de pedra
Certa que não existe amor sem condição
Dura como a vida fez, só tem o próprio ego
Sem ternura apenas desventura
Ama como mãe mas não como filha
Tem na vida só amargura
Acredita mais na maldade que na bondade
Justificando sempre as atitudes
Interesseiras como como a sua própria alma
Em meio aos seus pares, só querendo se dar bem
Vivendo uma vida hipócrita de valores superficiais
Pobre de espírito e de posses
O tempo lhe trará rugas e talvez sensatez
Faça acolher Souza e Silva no sobrenome
Entender que existem pessoas de bem
E que humildade não é humilhação

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Votar como um dever




Ah...15 de novembro...
Era uma data cívica, acreditava-se na honestidade das pessoas, eficiência das instituições, hospitais do IAPI e IAPTEC. Brasil sempre um país do futuro....
Conversava-se com o vizinho, ia-se pra escola a pé ou de ônibus. Medo era só do mendigo maltrapilho com o saco nas costas que raptavam crianças pra vender pro circo...
Guanabara virou Brasília, tempo avançou, alguma coisa mudou. Tenho ainda um fusca mas o violão já se foi...
Progresso chegou, Lula enriqueceu e o povo ganha esmola federal. Na rua vivemos por nossa conta, bueiro está entupido, água na torneira agoniza intermitente...
Contribua com 27,5% da sua vida e assista as sessões do mensalão, ganhe uma isenção de IPI e fique numa boa! Papai Noel não existe mais e desconfio que nem o coelho da páscoa...
Vozes aflitas gritam roucas, ouvidos desatentos nem escutam. Melhor seria a perfeição mas o essencial bastaria. Como numa novela, o mesmo enredo previsível, marinheiro ouvindo as sereias, assistindo os ilustres democratas diplomados a administrar os nossos pesadelos...
Lá vamos nós cidadanear, crédulo outra vez depositar as esperanças na caixa mágica. Ao sinal verde, pronto, ouve-se o trinar da urna:
Volte sempre, agradecemos a preferência!! 









sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Meu pai


Quando eu cansava, pegava-me no colo,
Simples para ele mas especial para mim
Chocolate para comportar-me
E iam ao cinema às terças
Sentei-me ao seu lado na janela do trem
Levou-me nos ombros no zoológico
Consolou-me quando ralei o joelho
Levou-me no seu trabalho, nem ligou para bagunça
Ensinou-me a caminhar, andar de bicicleta, dirigir o seu carro
Um emprego como ajudante, um trocado ao limpar o quintal
Sempre se calou para minha mãe falar
Sempre brigou para manter o rigor.
Foi-me buscar quando pedi, pagou meu lanche, meu almoço
Apertei a mão mas queria abraçá-lo
Foi depois de um tempo, difícil de amá-lo
Podia ter feito mais, podia ter compreendido
Tempo passou e nem senti
Um dia foi embora, nem me despedi
Ficou um vazio no lugar da felicidade
Pareceu eterno mas perdi
Mês de agosto, volta a saudade



quarta-feira, 25 de julho de 2012

Que coisa boa!


Fronha com cheiro de limpo
Deitar na cama depois do banho
Cair no sono sem querer
Continuar com pensamentos no sonho

Comida predileta
Coca com gelo e limão 
Chocolate com licor
Malbec e macarrão

Trocar olhares a distância 
Andar despojado
Sexo casual
Sexo planejado

Sentir-se bem com alguém
Abraçar sem precisar falar
Channel que trazem lembranças
Roupas que ainda cabem sem apertar











segunda-feira, 23 de julho de 2012

What the fuck!!

Não se tem honra sem dinheiro
Bloqueador de carros em vez de prender ladrões
Estimular infrações para produzir autuações
Dificultar tudo para facilitar depois
Polícia não pode prender assassinos
Menor pode matar

Burocrata recebe por 100 trabalhadores                   
Serviço público tercerizado
Não tem água na beira do rio
Restaurante fecha para o almoço
Pronto Socorro é purgatório para necrotério
Impostos para extraburgos

Homens mais belos que mulheres
O sexo não é mais para procriação
Moral é relativa
Amam os cafajestes
História é esquecida

Bigode está fora de moda
Tem queijo no sushi e estrogonofe na pizza
Exportamos comida e passamos fome
Porrada televisionada, intrigas numa fazenda
Globalizaram a alienação
Música não é mais arte
Vendem-se sonhos, entregam realidade
                                                 
Consumo é prioridade
O certo virou errado
O mau comanda os bons
Lampejos de razão
Sentimentos em crise
E continuamos reclamando...





domingo, 22 de julho de 2012

A existência é a razão...



Tudo foi novo...Sensações, canções, amor...As cores vivas de um otimismo  da vida intensa.
De nada foi preciso, o ar alimentava. Tristeza sempre passageira, havia a força da esperança.
Alegria sempre existiu, juventude de outrora....
E agora?
Tudo é razão...Nada fica sem explicação. O fardo é imenso, tem fome e sente frio
Ainda trabalha, ainda ama. Sonha com as lembranças e perde-se na memória.
Tristeza ainda é passageira, persistindo a força da esperança.
Alegria ainda não desistiu, juventude é agora....


sábado, 7 de julho de 2012

Essa sua amizade


Simples, sofisticada
Longos cabelos em harmonia
Pérolas e brilhantes
Sua pele, seus olhos

Não me esforço, deixa-me à vontade
Sua espontaneidade, sinceridade...
Seu carinho, sua atenção
Faz-me sentir bem

Suas palavras, suas ideias
Esse seu jeito natural
Diz o que pensa
Faz as pessoas pensarem...

Ilumina-me o seu brilho
A sua luz é essencial
Quando se afasta, lamento
Minha sombra aumenta...

Existo, da sua vida participo
Feliz por isso e pela amizade
Considerar-me importante
Honra-me e apaixona-me

para Gabi


quarta-feira, 4 de julho de 2012

Hoje tem futebol



Emoção que toma conta, alegria sem fim.
Dia inteiro no preparativo,
Comprou cerveja, petiscos, está tudo planejado.
Com amigos ou solitário, não importa, é agora!
Nem foi trabalhar, alguns viajaram,
Inventaram reunião, compromisso irrevogável.
Sentir de perto essa emoção
É muito importante, é vida ou morte!
Sofrimento o tempo todo
Paixão irracional, o que leva a essa loucura?
Não ganha nada, não tem nenhuma vantagem.
Mas que importa, é incondicional...
Apenas felicidade, não cabe dentro de si
Que explode a cada momento
Num grito de gol,
É campeão!!



terça-feira, 26 de junho de 2012

Domingo no clube


Era para jogar tênis no clube...
Comentar jogadas, tipo de raquetes, tensão da corda, supostamente experts nos assuntos.
Atletas domingueiros, aulas e treinos sérios durante a semana, todos sócios de uma tribo heterogênea reunidos para jogar... conversa fora.
Bons no tênis mas melhores nos copos. Na quadra todos comportados na prática deste jogo de lordes. Mesmo nas boladas e nas afanadas dos pontos, um comentário irônico bem humorado para o caldo não engrossar. 
À mesa, maridos desgarrados desfrutando o momento, bebendo e enrolando até as esposas os intimarem. Posam de machões, pedem saideiras, mas todos obedientes a severidade do Izawa-san, o bar vai fechar é hora de procurar outro lugar...
Histórias recontadas entre as cervejas quase geladas. Polêmicas à parte, a paz reina quando a crítica é contra o sistema. 
Almoços festivos sazonais documentados em fotos iconográficas, familiares reunidos, mas nem sempre é calmaria. Alguns se afastam mas não adianta... Estão sempre presentes nos assuntos, já se tornaram lenda e folclore. 
Nesta comunidade abebeana quanto mais assunto melhor...Falar de pessoas queridas, dos seus hábitos e principalmente dos defeitos. Modo carinhoso de lembrar dos habitués amigos, caricaturando-os nos seus comportamentos, revezando-os na berlinda, nunca escapando da acidez democrática. Não interessa a profissão, patente ou religião, todos um dia terão a sua vez. 
E assim se vão muitos domingos...Filhos já cresceram, netos nasceram, pais envelheceram...
A amizade perdura em harmonia e equilíbrio. Todos têm consciência, quer escutar fica e desfruta, se não gostar a saída é a mesma da entrada.

aos amigos da AABB

terça-feira, 19 de junho de 2012

Irmã é pra sempre



Lembro-me das nossas brincadeiras
Das nossas brigas e implicâncias
Do batom que detonamos
Dos pulos do guarda-roupa
Da TV preto e branco...
Lembro-me do apartamento, dos brinquedos de madeira
Do presente de Natal que esperávamos
Do diamante negro pra ficarmos comportados
Dos mangás que devorávamos
Da escuridão do corredor...
Lembro-me dos banhos na bacia
Do primeiro dia da escola
Do guioza de alguns domingos
Do ciúme e do amor
Da família que a gente tinha...
Lembro-me de alguns abraços
Das minhas sobrinhas
Da minha afilhada
De alguns telefonemas
Das conversas demoradas...
Quero lembrar mais,
Das coisas recentes esquecidas 
Da boa sensação de estarmos perto
Abandonada por divergências
Que nem mais interessam...
Quero ter talvez
Alguns momentos novamente
Sem nada a explicar
Nem precisando entender
Só pra continuar
Como antes sem nada mudar....

domingo, 10 de junho de 2012

Canção de amor


Nada mais que amor
Sentimento que preenche
Essa sensação de plenitude
Sempre dando esperanças


Respirando pra sobreviver
Cantando pra não chorar
Sono que nunca vem
Sonhos que não se vão


Ter o que pensar
Saudade que não cessa
Choro que aparece
Quando triste ou feliz


Sem nada a esperar
Apenas viver um momento
Tempo limitado, pode até ser infinito
Na memória...No coração...


segunda-feira, 21 de maio de 2012

Essa menina cresceu




Ah, infância maravilhosa, cercada de afeto
Comidinha na boca, tias, vó a tiracolo
Que maravilha, bons tempos.
Nadar nua, quebrar um braço
Rir, chorar...

Não era pra crescer
Despertar para a vida
Ter contas a prestar
Não fazer o que quer
Nem falar o que não deve
Ou ter opinião formada
Condutas morais
Condutas sociais
Nem dizer que tem guia
Ou que fuma uns becks
Ter preferencia sexual
Ou ideologia política
Beber, só moderadamente
Comportamento cristão
Baile funk nem pensar
Sentimentos, segurar

Trabalhou o seu contexto
Fez o seu dever
Mas nesse extremo, no clímax
Tem forte personalidade
Dentro da frágil carcaça
Procura a independência
No seu juízo de valores
Quer fazer o certo
Tem esperança
Para si, não para o sistema
Quer apenas a liberdade
Que respeitem a sua escolha
Bastando que a família a entenda
Que os amigos a apoiem
Para que possa trabalhar
Para que possa amar
E o resto que se dane
Pois só ela, apenas ela
É quem vive a  própria vida
Ao encontro da felicidade

para Flávia

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Oração para Flávia





25 anos é muito?
Não para uma vida
Não nos foi dada a chance
Conhecermos e sofrermos
Amarmos e odiarmos
Brigarmos e nos abraçarmos
Falta-nos muito a caminhar
Queremos seguir em frente
Pra isso somamos forças
Pra que aconteça o justo
Que alegria retome o seu rosto
E no rosto dos seus.
Some nossas energias
Tome as nossas orações
Viva para a vida
Tens ainda uma missão
Nosso amor é a força
Que logo se reestabeleça
Precisamos de você.

sábado, 12 de maio de 2012

Mãe, obrigada por se preocupar...




Que difícil convivência, tanta reclamação
Não sou boa o suficiente, faça isso, não faça aquilo...
Que palavras penetrantes, faz doer o peito
Os irmãos perfeitos, sou renegada
Saí de casa, casei, amiguei
Corri sem querer voltar
Achei que não fosse amada
O suficiente o quanto eu desejava
Pra me sentir realizada
Tranquila no meu porto seguro
Queria ficar com ela
Como na época em que sustento ela me dava
Carinho dissipou com a mágoa
Insisto agora com mea culpa
Retomo o difícil caminho do amar
Ser uma pessoa melhor
Ser uma filha pra ser acolhida
Entendendo que cada um tem a sua dor
Dificuldades em praticar o que não sabe
A vejo apenas tentando ser mãe
Como um dia será o meu papel
Eu só quero te amar, mãe.

(Para as filhas que tentam entender o jeito de amar das suas mães)


domingo, 29 de abril de 2012

Orelha seca



Dia após dia a vida passa
Monótona e rítmica em forma de sobrevida.
Faz de tudo, é braçal...
Recebe nada, não é qualificado.
Na aurora, meio pão com margarina
Deglutido com média de leite aguado,
No almoço divide a marmita
Só pra abafar o rugido do estomago
Levando o resto para casa
Ao fim do dia, no fim da cidade
Compra acém para mistura
Hoje tem fartura...
Trocados por passes que poupou ao andar
Cozinha com ripas no fogo
Gás acabou há muito
Crianças choram em coro
Dividem o leite com a vizinha
Pelo menos não faz frio
Restam ainda 2 galões de água.
Cidadão por inteiro no sufrágio
Mas apenas fração no direito
Não sabe o que é capitalismo
Nem tem tempo para perceber
Toca a vida sem parar
Seu futuro está previsto:
Aos sábados no bar,
Futebol de domingo
E Carnaval em fevereiro...

domingo, 22 de abril de 2012

Puppy love





Conversas evasivas, pensamentos em outro patamar, essa agradável sensação de apenas ficar ao lado.
Mãos extendidas correspondidas. Entrelaçam-se os dedos longos e delicados. Unhas perfeitas entre as mãos mais rudes.
Não carece prestar atenção no que se diz. Escutar apenas... Lábios se movem e ouve-se apenas sons ritmados em melodia em meio aos movimentos da boca. Pausas para sorrisos...
Parados, sem assunto, calados, apenas um aperto nas mãos...
-No que está pensando?
-Nada …
Capazes de ficar dias, semanas, meses... Nada incomodam...
Não precisam falar nada, explicarem nada, apenas o olhar entre os olhares e a repiração dispara...
Que intenso... foi imenso ...

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Adoráveis geminianas



Agora,
Está zangada!
Não fala direito nem responde,
Também não quer ouvir.
Vaga com vento ao rastro do perfume
Tem raiva, nada importa, deseja a morte...
Agora,
Está linda e carinhosa!
Radiante com seu brilho,
Espontanea
Amor inteso dentro de si
Momento sereno, mulher feliz...
Agora,
Está indiferente, está distante!
Nada dispersa do seu peito trancado
Tem prioridades que não me incluo
Não se importa, não liga, não se manifesta,
Mística, adorável...
Mas sempre,
Como diamante de várias faces!
Lapidada, segura de si.
Não precisa de luz,
Não precisa do calor
Poderosa e prepotente,
Forte e vulnerável na aparencia
Tem sempre o controle,
Não precisa de mim
Não precisa de ninguém...

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Meu anjo da guarda





Maravilha, é bom ter mãe!
Descupem-me mas tenho um anjo da guarda...
Corria e brincava: caio e choro, vinha ela a me consolar.
Levava-me junto, minha irmã, íamos a padaria. Numa TV na parede era a hora do Pica-pau e ríamos como numa brincadeira. Horas de simplicidade...
Nos contos e lendas, imagino personagens e cenas, vivo as histórias que vinham mágicas da sua voz ritmada.
Hora de dormir, hora de sonhar, nem sempre hora de tranquilidade.
Às vezes assustadora, acolhia-me com a sua mão extendida segurando suave a minha...
Sempre cedia me dando a melhor parte, nunca fez questão.
Brigava sim mas me acarinhava. Sempre me privilegiou...
Chorar era a rotina e a minha irmã a me amparar com paciência
Como a irritei algumas vezes, tive ciúmes do seu namorado,
Teimoso, sempre me achando, ela me suportava.
Ensinava as lições da escola mas ficou também a da vida.
Tempo passou e uma lacuna ficou. Do seu jeito reservado sei que me apoia e sei que me ama.
Longe agora a distância diluiu os laços.
É tempo agora de ajudar a me ajudar
Velhos, independentes, temos outras preocupações.
Solitários por opção ou destino quis assim...
Podia ter sido feliz ou isso talvez já seja a realização.
Nosso equilíbrio se foi, era o porto seguro,
Agora lembranças, repousa em uma urna
É a minha deixa, 
O reconhecimento não me isenta 
Minha vez de me preocupar,
Preciso desse anjo que tanto me acalenta..



terça-feira, 27 de março de 2012

A aurora da minha vida




Tinha coqueiros em frente a escola
Uma praça, obelisco e a igreja matriz
Pipoqueiro e sorveteiro; quebra-queixo e manjar.
Pedras portuguesas pretas e brancas num mosaico que não me recordo
Foi quando criança, colecionando figurinhas, onde passava as tardes...
Vieram as baladinhas anos 70
Trocava olhares na escola pra na hora poder chegar
Vestia uma batinha florida e salto anabela,
Ana Lúcia minha namoradinha
De bike indo trabalhar passava pelo portão
Um sorriso correspondido, valia a pena...
A tarde na volta uma paradinha
Um beijo rápido pra ninguém reparar...
Fim de semana habitual
Cuba libre na alta
Dançando colado ao som chiado em alto volume
Tocando Without You e Skyline Pigeon.
Globo no teto rodando,
Num reflexo que parecia alucinado,
Na penumbra conveniente
Até a meia noite, era até quando durava...




domingo, 25 de março de 2012

Lixo da praticidade



Shoppings são ótimos... Vida moderna, agitada, tempo curto... Local onde concentra maior número de pessoas comuns, medianas, medíocres... Longe de ser uma crítica no sentido estrito, mas talvez estrito no sentido de uma crítica.
Um centro de compras, com facilidades de acesso e segurança, hoje vende-se também um lazer hermético.
Ah... A praça de alimentação... Refeitório chique com rações variadas,  ante-sala dos cinemas, primor em atendimento de última classe:

-Por favor poderia me dizer se qual as combinações deste prato?
-Aqui você só paga! responde a troglodita travestida de atendente da caixa registradora....

Senhas para retirar o bandejão, suco de compahia aérea, chopp num copo de plástico, piquenique burgues com requinte de proletariado. Junk food pré-fabricados temperados artificialmente com sabor qualidade, degustados em mesas pregadas no chão.
Lounge com brinquedos eletronicos consumidos via cartão magnético, para a tranquilidade dos pais modernos, sem ralados de joelhos, skates ou roupas enlameadas de jogos de futebol no terreno baldio.
Certo ou errado, reflexo da modernidade. Novos hábitos instituídos. Talvez gerações atuais tenham saudades dessa época como temos hoje dos domingos nos estádios com o pai, enrolado na bandeira do time ou dos almoços com família num restaurante chines.