quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Inércia




Não é nome... Se for é de pobre.
Lei da dinâmica, quem tem massa sofre.
É vontade de ficar como está,
Parado continuar e se em movimento permanecer.
É vida, é Física, regidas por essa primeira lei.
Confortavel é deixar, manter, continuar,
Parado com preguiça ou ligado na última.
Celular às 6, música que já foi favorita até virar toque,
Como sair da cama sem antes ouvir todos os replays?
Depois do almoço, cadê a energia, deitado no sofá, tirando uma cesta.
Tem que trabalhar, levantar, sacudir e xispar,
Mas depois que começar, toda velocidade...
Sem parar, continuar, há que terminar, só mais um pouquinho
Na hora do relax, agora sim que o embalo pega,
Mandar um último petisco, pedir a saideira, e quando levantar da cadeira?
Animando a conversa, vendo gente passar e o tempo estacionar.
E o banho quente relaxante, horas derretendo o sabonete, precisando parar...
De madrugada onde foi o sono?
Vendo filme, ouvido música ou tuitando insights medíocres...
Segue-se o tempo em velocidade constante, preguiçoso e conivente.
Quem precisa de emoções?
Terminar o namoro, antes mais um beijinho e apertinho,
Casar ou descasar, somar ou dividir, continuar ou parar... tudo fica como está...
Chegar e abordar, mil coisas passam para ponderar...
E se for rejeitado, desprezado ou até pisoteado?
E se for amar, terá de ser intenso?
Pra que mudar, tá bom assim,
Bom ou ruim, depois se resolve...




quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Lado B da tristeza

Ilustração: Rafaela Okada©


Lado B desprezado, como prefácio e bibliografia, sem importância relevada, faz parte do contexto. Contemplam às vezes jóias, causando faíscas acendendo um rastilho.
Há sempre dois lados, o bom e não necessariamente o ruim... O claro contrapõe o escuro e vivem harmoniosamente dando uma serena meia-luz.
Na morte se resume tudo, mas a história é a vida. Ficam-se boas lembranças e as más apagadas. Começa no útero de conchinha que no subconsiente da vida adulta persiste, recuperando a auto-estima ao assumir plasticamente, emanando da memória o bem estar saudoso...
Nem sempre vemos razões para a tristeza. Aparece sem ser convidada, sem nexo, sem pretexto. Lidamos e convivemos, mas nos preocupa a frequência e a intensidade...
Duvido que fomos feitos para a felicidade mas momentos sublimes nos são dados. Melancolia é uma tristeza ponderada de otimismo e romantismo. Mesmo na mais profunda depressão há insight de luz e definição...
Vive-se dentro de uma esperança e na turva situação haverá um veio de clareza. Essa busca que não finda, nesta vida cotidiana, haverá sempre razões para dissipar a tristeza, tendo em mente que do outro lado, solitária ou comigo, certamente estará te aguardando, a felicidade... 

Para Rafaela ♥

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Vida é sonhar...

ilustração: Rafaela Okada
direitos reservados



Desejar o impossível, imaginar o ideal, sem imperfeição nem defeitos.
É sonho porque não é tangível, é inalcançável...
Ter a liberdade, pode-se sonhar de tudo, não ter limites nem restrições.
Não paga imposto, sigilo absoluto, fantasia ou realidade...
Pode-se desejar, cobiçar ou invejar.
Só você sabe, é possível pecar.
Sonhar não tem culpa, sonhar te estimula...
Pode-se até acreditar e sonhar para alcançar.
Sonhar acordado, desejar um futuro, imaginar o melhor, talvez possa se realizar...
Não há limites para o sonho, apenas para a realização...

Pensamento voa, não tem censura, é o sonho do sono
Como é possível voar, cair sem se machucar?
Correr sem sair do lugar, fogo que não esquenta, respirar no fundo do mar?
É verdade, desde que não desperte...
Angustiante, doloroso e horripilante...
Tudo passa descerrando os olhos.
Não é coerente, no tempo nem no espaço.
É o aguardado sonho que faz o sono menos entediante...

Ter um amor perfeito,
Apagar os erros do passado,
Talvez reescrever a história,
Para uma felicidade infinita...
Ficar junto aos seus,
Imaginar que não exista morte,
Ou que seja a vida uma passagem,
Que nunca exista dor nem saudade,
É o sonho da gente
De um sono perfeito que ao acordar,
Ainda continue...

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Posso te amar?



Precisa de carinho, quer ser amada
Quer tudo do seu jeito ,
Nunca faz nada de errado.
Toda meiga e charmosamente insegura,
Sorriso tímido e desconfiado
Balança os cabelos longos com seus dedos finos...

Tem medo como todos, avança se puder,
Tem fé como poucos, acredita no bem.
Vive a família, tem respeito, moral e receio.
É decidida, mas dúvidas sempre a rodeiam,
Firme na atitude, nem tanto quando embola o meio...

Quer acertar, deseja ser feliz,
Não consegue trabalhar, preocupada em não errar.
Todos querem mandar, ninguém vai ajudar
Tudo bem, dá-se um jeito...
Fica a lição, assim aprende-se a andar.
Podia ser diferente, parecia mais simples e perfeito...

Tem solidão, mesmo na multidão,
Tem paixão, precisa de interação.
Fala com amigos e o primo sempre atento.
Relembra a infância mas agora nem tem tanta graça,
Fez a escolha, teve o seu momento...

Amou sim, sempre há a primeira vez.
Chorou como nunca quase perdeu a razão.
Mediu o sentimento, segurou o coração,
Quanto sofrimento só porque sonhou.
Viveu o presente, insuficiente...
Perdeu o futuro, esperando um talvez,
Sendo mulher, calou e se fechou.

Haverá um dia o alívio,
Será como um lindo dia ensolarado.
Uma brisa irá sentir, sempre presente ao seu lado...
As palavras e carinhos virão à tona como melodia,
Sentirá o perfume quase esquecido na lembrança,
Sabendo que a paz reinará após o dilúvio,
Viverá sem medo e livre, intensa a cada dia...


(para Stefani)





domingo, 6 de novembro de 2011

Tuas escolhas, certas ou erradas...



Se fosses contar o tempo
Ficarías preocupada
Não tens como recomeçar
Dar pausa para pensar
Cada minuto é uma decisão
Desde escolher cardápio ou casar...
Ainda te preocupas
O que irão imaginar
Tua conduta exemplar
Parece leviana ao meu olhar
Deixar de apaixonar
Ou simplesmente ficar
Parece uma difícil decisão
Mas para o tempo não importa
Porque não vai deixar de passar...
Desde que deixaste de brincar
Começou o tempo a contar
Só tens olhos para os desejos
Nem sempre é o que precisas
Mas o que importa
Queres realizar
Transpiras juventude e superficialidade
Vives momentos importantes
Alimentas sentimentos frustantes
Que o tempo vai te revelar...
Não existe regulamento
Nem o certo ou errado
Na busca por um sentido
Tudo terás o teu tempo
Poderás ser feliz
Se puderes entender
Que navegas através do tempo
Que insiste em correr
Ignorando a tua necessidade
Até um dia passar
E nunca mais voltar...


para AC

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Feliz Aniversário!






Que maravilhoso ter nascido.
Ter conhecido o calor.
Presença dos pais nos primeiros passos.
Sentindo-me forte e superando a dor...

Que bom ter o sentido,
Ter a razão da existência.
Motivação para seguir em frente,
Registrando como experiência...

Que angustiante é crescer,
Ter que entender as limitações,
Mas conto com a presença dos meus,
Compensando as frustrações...

Que encanto é essa vida
Ter um dia para comemorar,
Por ter nascido nesta data,
Querendo que repita pela vida sem parar...

Que lindo é esse dia
Ter amigos para festejar
Próximos ou distantes sempre com carinho,
Parabéns e felicidades, todos a desejar...

Para Carolina minha filha, sinto orgulho a cada dia 5 de novembro, por ter-se tornado esta pessoa de caráter forte e de intenso amor!
Parabéns! 


terça-feira, 1 de novembro de 2011

Namoro no portão



Toda noite em sua casa, sentados no sofá, mãos dadas carinhosamente, olhando a TV sem prestrar atenção. Beijos tímidos quando ninguém olhava, com muitos irmãos era quase impossível.
Como pode uma rotina ser maravilhosa?
Cabelos longos, sardas no rosto, olhar meigo e triste de cor verde... Ar misteriosa, carinhosa, nem sempre a entendia. Bastava a sua companhia, era só o que eu queria...
Vestida e maquiada, pronta pra ir ao cinema ou de havianas à vontade em casa, nem assim ficava desarrumada. Achava tudo bom, nem ligava...
Falávamos muito mas nada significante. Sem preocupação, éramos tudo um para outro, isso é que importava. Era só pretexto pra ficarmos grudados...
Na praia de mãos dadas, que clichê! Todos passam por isso mas quem se importava? Juntos na rede, tempo passava lento. Pensamentos voavam e sonhavamos acordados...
Como ela se preocupava... Tinha pra mim uma atenção exclusiva. Como poderia ficar indiferente, linda e luminosa, seria impossível não amá-la...
Quanta saudade sentíamos mesmo sendo algumas horas. Minutos pareciam séculos. Conectados, como nos entendíamos. 
De manhã, a tarde e a noite não saía do meu pensamento. Simplesmente ao seu lado era a realização, parecia irreal a felicidade, era só isso que queria pra eternidade...
Antes de ir embora, uma parada no portão.
Mesmo depois de tanto conversar tinha ainda assunto sem parar,
Só um tempinho a mais pra segurar na sua mão.
Abraçados sem trocar palavras, um beijo de despedida, voltava pra casa sem opção.
Último onibus passou há tempo e voltava caminhado sem preocupação.
Na vida, como tudo, era só de simplicidade,
Bastava estar apaixonado que nada mais interessava...