domingo, 29 de abril de 2012

Orelha seca



Dia após dia a vida passa
Monótona e rítmica em forma de sobrevida.
Faz de tudo, é braçal...
Recebe nada, não é qualificado.
Na aurora, meio pão com margarina
Deglutido com média de leite aguado,
No almoço divide a marmita
Só pra abafar o rugido do estomago
Levando o resto para casa
Ao fim do dia, no fim da cidade
Compra acém para mistura
Hoje tem fartura...
Trocados por passes que poupou ao andar
Cozinha com ripas no fogo
Gás acabou há muito
Crianças choram em coro
Dividem o leite com a vizinha
Pelo menos não faz frio
Restam ainda 2 galões de água.
Cidadão por inteiro no sufrágio
Mas apenas fração no direito
Não sabe o que é capitalismo
Nem tem tempo para perceber
Toca a vida sem parar
Seu futuro está previsto:
Aos sábados no bar,
Futebol de domingo
E Carnaval em fevereiro...

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