sexta-feira, 6 de abril de 2012

Meu anjo da guarda





Maravilha, é bom ter mãe!
Descupem-me mas tenho um anjo da guarda...
Corria e brincava: caio e choro, vinha ela a me consolar.
Levava-me junto, minha irmã, íamos a padaria. Numa TV na parede era a hora do Pica-pau e ríamos como numa brincadeira. Horas de simplicidade...
Nos contos e lendas, imagino personagens e cenas, vivo as histórias que vinham mágicas da sua voz ritmada.
Hora de dormir, hora de sonhar, nem sempre hora de tranquilidade.
Às vezes assustadora, acolhia-me com a sua mão extendida segurando suave a minha...
Sempre cedia me dando a melhor parte, nunca fez questão.
Brigava sim mas me acarinhava. Sempre me privilegiou...
Chorar era a rotina e a minha irmã a me amparar com paciência
Como a irritei algumas vezes, tive ciúmes do seu namorado,
Teimoso, sempre me achando, ela me suportava.
Ensinava as lições da escola mas ficou também a da vida.
Tempo passou e uma lacuna ficou. Do seu jeito reservado sei que me apoia e sei que me ama.
Longe agora a distância diluiu os laços.
É tempo agora de ajudar a me ajudar
Velhos, independentes, temos outras preocupações.
Solitários por opção ou destino quis assim...
Podia ter sido feliz ou isso talvez já seja a realização.
Nosso equilíbrio se foi, era o porto seguro,
Agora lembranças, repousa em uma urna
É a minha deixa, 
O reconhecimento não me isenta 
Minha vez de me preocupar,
Preciso desse anjo que tanto me acalenta..



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