Terminando o Colégio Objetivo, foram umas 10 provas feitas todas sem
sucesso na capital, interior e até em sul de Minas. No ano seguinte, 1976, depois de mais um ano de cursinho no mesmo Objetivo, a 11a
prova, desta vez o unificado do CESGRANRIO no Rio de Janeiro.
Saimos
de Sampa num corcel, sem galope, emprestado do pai, minha irmã e um velho
amigo, todos colegas de sala, cada um com seu sonho: prestar
medicina... Precavido,
dia anterior, conhecer os locais e o trajeto, logística
naturalmente...
Hotel
na Rio Branco, fomos escalados todos nas escolas da Zona Sul, no Jardim
Botânico os dois e eu na Gávea. Íamos todos os dias pela paisagem relaxante do
aterro, seguia depois de deixá-los ao lado do Hospital da Lagoa, para a praça do Flamengo e
do Miguel Couto, local das minhas provas.
Sempre
primeiro a sair, sem paciência, fazia o que sabia e chutava o resto,
mas com muita crítica e responsabilidade, aplicando toda a técnica
assimilada no cursinho. Aliás, é assim até hoje, destaca-se da maioria cursinhos exatamente nesse quesito, além de ensinar as
matérias, orientações e dicas de como se comportar e pensar nas provas, aplicando técnicas de marketing, psicologia e neurolinguística. Para cravar um xis aleatóriamente, existem técnicas!
Foram
quatro dias, até que tranquilos. Terminado antes, aguardava
calmamente fazendo um lanche, um sanduíche de carne assada ou
pernil, acompanhado de um chopp ou coca, num tradicional boteco na
Rua Faro, ouvindo as discussões habituais após provas...
Retornando
a São Paulo, ainda frequentando às aulas, mas com desconfiança.
Desta vez fui melhor, tinham mais vagas... talvez quem sabe...
No
dia aguardado, no jornaleiro VIP em plena Paulista, folheio O Globo e
encontro o meu número, conferido e reconferido, em meio a tantos
outros!! Sensação muito estranha, como poderia ser possível?
Existia uma pressão habitual para aprovação, afinal esse é o
primeiro gargalo da vida adulta de qualquer estudante. Preguiçoso e
desmotivado, estudava somente o suficiente. Assumido o
compromisso de prestar para medicina, conhecia a realidade... Afinal,
nem era minha a escolha. Submissão à uma sabedoria materna que aconselhava e explanava como a vida seria mais valiosa sendo
doutor...
E
agora? Este fato aguardado mas inesperado... Não sou mais um
fracassado! Será possível, assisitndo apenas com afinco às aulas-shows
de Heródotos e Dráuzios foram suficientes? Foi a recompensa pelas
noites sem jantar na pensão da Dona Leide? Foi um triunfo sem luta?
Agora não importava mais...
Foi
definitivo, assimilei o meu destino com uma
outra motivação, superando a insegurança e dúvidas da minha
própria capacidade, uma nova chance por um outro caminho...
Com ganho contabilizado, empenho dispensado, tranquilidade almejada. Mesmo assim, após 30 anos, sonho ainda com escolas, fazendo provas que não entendo, e ao acordar, percebo, não tão aliviado, de ter sido apenas mais um pesadelo que permanece como estampa, impregnada no meu subconsciente...
Com ganho contabilizado, empenho dispensado, tranquilidade almejada. Mesmo assim, após 30 anos, sonho ainda com escolas, fazendo provas que não entendo, e ao acordar, percebo, não tão aliviado, de ter sido apenas mais um pesadelo que permanece como estampa, impregnada no meu subconsciente...
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