Maravilha,
é bom ter mãe!
Descupem-me
mas tenho um anjo da guarda...
Corria
e brincava: caio e choro, vinha ela a me consolar.
Levava-me
junto, minha irmã, íamos a padaria. Numa TV na parede era a hora
do Pica-pau e ríamos como numa brincadeira. Horas de
simplicidade...
Nos contos
e lendas, imagino personagens e cenas, vivo as histórias que vinham mágicas da sua voz ritmada.
Hora
de dormir, hora de sonhar, nem sempre hora de tranquilidade.
Às
vezes assustadora, acolhia-me com a sua mão extendida segurando
suave a minha...
Sempre
cedia me dando a melhor parte, nunca fez questão.
Brigava
sim mas me acarinhava. Sempre me privilegiou...
Chorar era a rotina e a minha irmã a me amparar com paciência
Como a irritei algumas vezes, tive ciúmes do seu namorado,
Teimoso,
sempre me achando, ela me suportava.
Ensinava as lições da escola mas ficou também a da vida.
Tempo
passou e uma lacuna ficou. Do seu jeito reservado sei que me apoia e sei que me ama.
Longe
agora a distância diluiu os laços.
É tempo agora de ajudar a me ajudar
Velhos,
independentes, temos outras preocupações.
Solitários
por opção ou destino quis assim...
Podia
ter sido feliz ou isso talvez já seja a realização.
Nosso
equilíbrio se foi, era o porto seguro,
Agora
lembranças, repousa em uma urna
É
a minha deixa,
O reconhecimento não me isenta
Minha
vez de me preocupar,
Preciso
desse anjo que tanto me acalenta..