sábado, 8 de dezembro de 2012
Feliz Natal
Teto é a primeira visão, claridade imensa vindo da janela que não foi bloqueada pela cortina. Pensamentos rápidos, raciocínio nem tanto, localizando-me no tempo e no espaço...Imóvel como se desconfiado, sentindo a situação...
Aroma de café paira no ar mixado ao de torrada com manteiga, barulho distante da rua, cachorro latindo, vozes pelo apartamento, não deve ser muito cedo.
Lembro-me de ter tentado ficar acordado... Mas não me lembro quando adormeci, nem se vi algo ou se ouvi.
Ah é isso mesmo... O presente!
Na cabeceira, sob o travesseiro de fronha branca, encontro uma caixa com peças de madeira colorida ajustadas como um mosaico, com rodas para serem puxadas por uma corda vermelha com uma esfera amarela fixada por um nó na extremidade.
Seria para ficar ao pé de uma árvore brilhante e enfeitada mas nós não a tínhamos nem sei porque... Mas nunca me importei.
Foi uma manhã como outra qualquer mas foi especial: Família reunida, trégua com a irmãzinha, havia uma certa magia inexplicável...Simples, radiante...
Estranhamente, a sensação nunca mais se repetiu na minha lembrança. Outros Natais se passaram mas este foi o último da minha infância...
sábado, 17 de novembro de 2012
Mosaico
Telefone toca, uma mensagem chega,
Sorrio como criança, me lembro de alguém
Ouço uma música, sinto um perfume,
Sonho como antigamente, feliz como ninguém
Brisa antes da chuva, cheiro de terra molhada
Dissipa-se a dor que me teve como refém...
Sempre amanhece, apesar da escuridão
Brilha o dia, agora sem piedade
Vejo sentido nesta vida em movimento
Tudo vai bem pra começar novamente
O mesmo caminho mas de um modo diferente
Colando mínimos fragmentos de felicidade
Nesse mosaico que desenha a razão...
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Professores e mestres
Inseguro no primeiro dia de aula, só e acuado numa imensa sala e lá veio ela com sua atenção discreta mas intensa, com sorriso angelical largo, em harmonia com o olhar acalentador.
Paciente e tranquila, esguia, elegante, trajando um tailleur escuro clássico sob um guarda-pó alvíssimo, como uma manta de uma santa contemporânea.
Sem dúvida fez diferença para uma imagem aprazível do que vinha a ser a escola, incógnita até o momento na minha rude infância sem nenhuma informação a respeito, no alto dos meus seis anos de idade.
Dona Vera, esta personagem mítica, fez-me acreditar em carinho fora da família e entender que existem mães além da nossa.
Com afeto, recordo dessa pioneira que guardo no meu coração, entre Haydeés e Estelitas que se sucederam na minha vida escolar, até os dias acadêmicos com professores doutores não menos importantes.
Esta convivência breve e fragmentada, com estas incríveis pessoas que se doam, moldou meus conceitos e valores, deixou saudades até de reveses e das repreensões, naturalmente superados e assimilados, bem como dos abraços apertados na formatura, daqueles que fizeram diferença, mesmo rigorosos que foram, habitam luminosos a minha memória.
sábado, 29 de setembro de 2012
Sorria, sua vida te aguarda!
Todos andam num sentido...
Que inveja a desperta de quem flutua noutra direção
Tenta não sair do trilho, esperando resignada as passagens pelas estações.
Entoa cânticos nos cultos, dá suas opiniões.
São apenas retóricas e não ações.
Aprendeu o certo, sua mãe se esforçou, amou a infância mas de súbito amadureceu.
Da rejeição agarrou-se numa situação.
De revolta e dúvidas, mas que lhe trouxe um alento
Mais uma vez, dela não dependia...
Tão reais os sonhos mas esvaíram-se ao despertar
O que mais a reserva, ninguém imagina.
Na encruzilhada novamente, entre o racional e o emocional
Enclausurada pela escuridão, a espera de uma pequena luz
Que seja do seu interior ou mesmo de um astro que brilhe distante.
A cada momento um pensamento, exceto quando não se tem tempo
Perdendo-se na realidade, infinito é o sofrimento
Sensato aguardar?
Definição do seu destino, em suas mãos talvez esteja
Mas até lá...Viver o que há, cada dia da sua imensa vida
Com faíscas de alegrias momentâneas e cíclicas
Nos insights de felicidades marcantes e...
Quiçá paixão
para Fabiana
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
Quando só a beleza não basta...
Sem noção, na inocência ou até na malícia
Vive na arrogância só enxerga o próprio umbigo
É uma leoa, coração de pedra
Certa que não existe amor sem condição
Dura como a vida fez, só tem o próprio ego
Sem ternura apenas desventura
Ama como mãe mas não como filha
Tem na vida só amargura
Acredita mais na maldade que na bondade
Justificando sempre as atitudes
Interesseiras como como a sua própria alma
Em meio aos seus pares, só querendo se dar bem
Vivendo uma vida hipócrita de valores superficiais
Pobre de espírito e de posses
O tempo lhe trará rugas e talvez sensatez
Faça acolher Souza e Silva no sobrenome
Entender que existem pessoas de bem
E que humildade não é humilhação
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
Votar como um dever
Ah...15 de novembro...
Era uma data cívica, acreditava-se na honestidade das pessoas, eficiência das instituições, hospitais do IAPI e IAPTEC. Brasil sempre um país do futuro....
Conversava-se com o vizinho, ia-se pra escola a pé ou de ônibus. Medo era só do mendigo maltrapilho com o saco nas costas que raptavam crianças pra vender pro circo...
Guanabara virou Brasília, tempo avançou, alguma coisa mudou. Tenho ainda um fusca mas o violão já se foi...
Progresso chegou, Lula enriqueceu e o povo ganha esmola federal. Na rua vivemos por nossa conta, bueiro está entupido, água na torneira agoniza intermitente...
Contribua com 27,5% da sua vida e assista as sessões do mensalão, ganhe uma isenção de IPI e fique numa boa! Papai Noel não existe mais e desconfio que nem o coelho da páscoa...
Vozes aflitas gritam roucas, ouvidos desatentos nem escutam. Melhor seria a perfeição mas o essencial bastaria. Como numa novela, o mesmo enredo previsível, marinheiro ouvindo as sereias, assistindo os ilustres democratas diplomados a administrar os nossos pesadelos...
Lá vamos nós cidadanear, crédulo outra vez depositar as esperanças na caixa mágica. Ao sinal verde, pronto, ouve-se o trinar da urna:
Volte sempre, agradecemos a preferência!!
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
Meu pai
Quando eu cansava, pegava-me no colo,
Simples para ele mas especial para mim
Chocolate para comportar-me
E iam ao cinema às terças
Sentei-me ao seu lado na janela do trem
Levou-me nos ombros no zoológico
Consolou-me quando ralei o joelho
Levou-me no seu trabalho, nem ligou para bagunça
Ensinou-me a caminhar, andar de bicicleta, dirigir o seu carro
Um emprego como ajudante, um trocado ao limpar o quintal
Sempre se calou para minha mãe falar
Sempre brigou para manter o rigor.
Foi-me buscar quando pedi, pagou meu lanche, meu almoço
Apertei a mão mas queria abraçá-lo
Foi depois de um tempo, difícil de amá-lo
Podia ter feito mais, podia ter compreendido
Tempo passou e nem senti
Um dia foi embora, nem me despedi
Ficou um vazio no lugar da felicidade
Pareceu eterno mas perdi
Mês de agosto, volta a saudade
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