sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Corrida de ganso


Atendo o telefone e oferecem-me um convite para um jantar beneficente. Nada mais normal, num reflexo de raciocino, penso...Que mal tem?
Nesta cidadezinha simpática do interior, sozinho, sem rumo, um jantar, sexta feira.... 
Busco o convite. Um evento de uma comunidade católica fervorosa, encontro de fiéis agradecendo um ano abençoado. Nada de mais, sou batizado, comungado, não sei o Credo mas encaro o Pai Nosso e a Ave Maria.
Chego em ponto às nove, uma noite de massas. De massa humana no galpão do Clube. Não tem cerveja, meio deslocado, observado... Será que as pessoas reconhecem um pecador?!
Performances e músicas estilo TV Aparecida, vocalista de olhos fechados cantando com emoção. A banda para e o mestre DJ carismático faz as honras. Agradece o espírito cristão dos patrocinadores. Presto atenção na mensagem do padre, informal e a paisana, seguido de tracionais orações de mãos dadas e abraços fraternos uns aos outros. Uma missa jantante...
Anuncia enfim o arauto: -O jantar está servido!
Como um raio, uma fila se materializa desde o Egito ao Jericó. Felizes e pacientes, todos a espera da saciedade. 
WTF! Já basta pra uma alma condenada! Desde a tardinha a fome já me apertava... Pragmático, saio a francesa sem despedidas. Pizzaria é o destino numa decisão sensata. Peço de mussarela e fico sabendo: Subiu 10% deve ser por culpa do petróleo. Que fase!! Numa corrida de ganso, o pato só se dá mal.
Mas...Na calmaria,...Na serenidade... Racionalizando, consolado no meu canto, abro a caixa e sinto o aroma do queijo derretido. Aquela primeira dentada no bico da fatia, dou uma golada na cerveja e mordo a azeitona e me encho de graça: - Tudo bem, louvado seja, a maré tá mudando...Tá sem caroço!

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Arte de viver!

Viver da arte
Da arte de viver
Amar a arte
Da arte tirar o amor
No tatoo a identidade
Uma forma de se expor
De chamar pra si a cor
Mostrar o riso
E também a dor
Escolhas já feitas
Trabalhar a arte
Dela tirar o sustento
Nessa vida até a morte
Para realizar o amor
Simples como a vida
É o seu clamor

A Rafaela, minha filha, estilista, tatuadora, artista...



terça-feira, 13 de agosto de 2013

Um futuro melhor, com saudade do passado



Escolho não escolher, 
Deixa o rio correr e o amor acontecer...
Morrer na hora que tiver que ser, viver todos os dias, esperando trazer
Algo mais que deixei que nunca esperei
Inspirado por sonhos moldado por despertares
Cumpri o papel que não me coube escolher
Entremeado de destinos, fazendo uma trajetória que segue autônoma
De almas que passaram como sombras e luzes
Mas como um lampejo de um raio numa fração de tempo,
Deixou marcas como na retina ofuscada
Trazendo memórias ao cerrar os olhos





segunda-feira, 1 de julho de 2013

Mais um aniversário



No meio da vida e um pouco mais
Esse tempo que não vi avançar
Passaram momentos e as dores dissiparam
Nesse novo espírito dessa velha alma
O corpo sente a decadência
Sigo adiante realista
Capitalizando memórias que ficaram
Apagaram-se nomes e ficaram as cores
Novo dia, velhos tempos, momentos...
Muitos por vir ou talvez nem tanto
No caminho que ainda sigo
Certeza de alguns dissabores
Mas alegres flashes do hipocampo
Que marcam a minha linha do tempo
Motivam seguir insistente
Solitário ou pra quem quiser vir comigo 

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Dia do amor

Dia de sonhos, fantasias, o amor está no ar. Programas matinais na TV cheio de histórias de encontros, com intervalo comercial repleto de anúncios de presentes para os eternos apaixonados.
Dia fixo no calendário, não importa ser durante a semana, dia de receber flores no trabalho, anúncio de não estar encalhada.
Dia de suíte 5 estrelas, mas antes um jantar estourando champanhe e cartão. Pagando de apaixonado, jovem determinado, impressionando a quem ama.
Pode também os casados sobreviverem a esta data, anos de cumplicidade tolerante, uma brasa de paixão revolvida por sopro ocasional de brisas sazonais. 
E por acaso ou não, depois do dia da paixão vem o do Santo Antônio. Este santo casamenteiro que mergulha de ponta cabeça nas orações das alijadas dos dias 12 de junho.
Vidas que perpetuam na entrega, escrevendo uma história de final variado, segue a natureza humana a procura de um significado. Inevitável depois, também no calendário, o dia do doador de sangue. Cada um assim, escreve por si, o ocaso do seu próprio destino, como possa lhe parecer a sua eterna felicidade...
Ah...o amor....ah... a paixão...

sábado, 11 de maio de 2013

Rosebud


Dosando sempre a emoção
Fez-me acreditar na razão
Passou-me o seus valores
Com suavidade e firmeza
Quando no auge da felicidade
Momentos de alegria
Sempre o amor para praticar
Dificuldades nem sempre superadas
O calor da sua presença
Aroma de sua essência
Nostálgica lembrança
De um tempo distante
Infinita de tão atroz
Gravada em imagens
Amareladas em preto e branco
Num surdo silêncio sem voz 




segunda-feira, 15 de abril de 2013

Requiem a Paulo Medina





                                                               Mártir, ídolo, nem precisa conhecer. 
Estão aí, heróis ou pessoas comuns,
Arriscam e ousam pelo que acreditam
São bons, justos por isso amados.
Não escolheu o caminho
Apenas aconteceu, seguiu o seu destino
Amou e viveu, lutou e realizou
Com dificuldade mas não desistia
Aterrissando altivo do seu voo livre 
Um exemplo e não poderia ser diferente
Humano, visionário, sonhador
Mestre e amigo,
Fez do seu caráter uma marca
Da arte o seu estandarte
Partiu, chegou a hora, 
Agora um símbolo, 
Deixando-nos um vazio e só saudades,
Nostálgicos lembraremos,
Da sua dança e a sua alegria de viver.