domingo, 3 de fevereiro de 2013

Boemia



Glamour é fascinante, pessoas ao redor, falsas certamente, mas o que importa? 
Páginas e páginas de nomes nos contatos. Basta ligar para começar a programar. Muitas risadas, bebidas nos bares, gente bonita mas não interessante.
Fotos em poses nas redes sociais.Todos sorridentes, todos felizes...
Quanta importância que todos te dispensam. Porque é bonita? Ou toca uma viola?
Sei, sei, tem dinheiro, é independente. Uma boa companhia? Talvez...
Mas na real, ninguém precisa de um motivo.
Sexo é legal e está na moda, não é mais tabu. Praticando as fantasias, usando a parceria. Encontro é casual ou até formal.
Mas e esta sensação no final da noite? Solidão que acompanha a sua companhia.
Sem o eu identificado, chegando à casa vazia e escura. A luz da geladeira entreaberta iluminando os goles de água, espantando a ressaca que chegou com força.
É... Não tem relevância esta atitude automatizada exuberante. Até quando? Depende da sua mente.
Uma hora desperta a consciência e racionaliza o libido.
Pode ser um casamento, encontro com Jesus ou até cirrose hepática.












sábado, 19 de janeiro de 2013

Voltando da escola



10:40 hs, tocava o sinal...
Despedia-me do último amigo na Barão de Jaceguai.
Pela Praça Oswaldo Cruz, sob o imenso relógio que nunca vi funcionar, cruzava diagonalmente em meio a uma mata que parecia mais densa, para atravessar a cancela que vinha em seguida, na estação de trem, vazia, do ponto final da Central do Brasil.
Na calçada estreita dos pontos de ônibus, cheia de graxa e lixo abandonado, pedintes e algumas pessoas silenciosas na penumbra, perdidos ou não, pareciam esperar algo acontecer.
Caminhava receioso, apressava os passos para chegar logo em casa.
Rua Hamilton da Silva e Costa, 346, quarta quadra ao lado do Clube União, depois do boteco fechado ao lado da casa da Ana Lúcia, penúltima casa antes do calçamento acabar, no último poste com iluminação pardacenta de mercúrio. Fim do bairro Mogilar e o começo da Ponte Grande.
Sobrevivia assim, heróico, a mais um dia de travessia solitária, com gatos pretos cruzando a frente e cães anunciando a minha passagem.
Noite deserta e escura e enfim o aconchego do lar.
Luzes e vozes familiares, ufa! Agora podia relaxar...

sábado, 22 de dezembro de 2012

Rafaela

Ser o quiser ser, saber o que for possível.
Entender que é difícil entender,
Apenas viver conforme a sua expressão
Antes mesmo do seu próprio eu, 
Arte vem antes do artista
Fluindo natural e seguindo o seu curso.
Pela sensibilidade de xamã, vulnerável à beleza
Faz da simplicidade um toque para a grandiosidade
Torturada para ir além da mediocridade
Em busca de perfeição na criação
Para um sentido na vida e justificar um trabalho
Que será a moldura desse seu quadro exuberante
Diante do talento que é inato
Um manifesto à liberdade 
Para ser feliz a seu modo
No seu tempo e no seu espaço



sábado, 8 de dezembro de 2012

Feliz Natal



Teto é a primeira visão, claridade imensa vindo da janela que não foi bloqueada pela cortina. Pensamentos rápidos, raciocínio nem tanto, localizando-me no tempo e no espaço...Imóvel como se desconfiado, sentindo a situação...
Aroma de café paira no ar mixado ao de torrada com manteiga, barulho distante da rua, cachorro latindo, vozes pelo apartamento, não deve ser muito cedo.
Lembro-me de ter tentado ficar acordado... Mas não me lembro quando adormeci, nem se vi algo ou se ouvi. 
Ah é isso mesmo... O presente!
Na cabeceira, sob o travesseiro de fronha branca, encontro uma caixa com peças de madeira colorida ajustadas como um mosaico, com rodas para serem puxadas por uma corda vermelha com uma esfera amarela fixada por um nó na extremidade.
Seria para ficar ao pé de uma árvore brilhante e enfeitada mas nós não a tínhamos nem sei porque... Mas nunca me importei. 
Foi uma manhã como outra qualquer mas foi especial: Família reunida, trégua com a irmãzinha, havia uma certa magia inexplicável...Simples, radiante... 
Estranhamente, a sensação nunca mais se repetiu na minha lembrança. Outros Natais se passaram mas este foi o último da minha infância...

sábado, 17 de novembro de 2012

Mosaico


Telefone toca, uma mensagem chega,
Sorrio como criança,  me lembro de alguém
Ouço uma música, sinto um perfume,
Sonho como antigamente, feliz como ninguém
Brisa antes da chuva, cheiro de terra molhada
Dissipa-se a dor que me teve como refém...
Sempre amanhece, apesar da escuridão
Brilha o dia, agora sem piedade
Vejo sentido nesta vida em movimento
Tudo vai bem pra começar novamente
O mesmo caminho mas de um modo diferente
Colando mínimos fragmentos de felicidade 
Nesse mosaico que desenha a razão...





segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Professores e mestres


Inseguro no primeiro dia de aula, só e acuado numa imensa sala e lá veio ela com sua atenção discreta mas intensa, com sorriso angelical largo, em harmonia com o olhar acalentador.
Paciente e tranquila, esguia, elegante, trajando um tailleur escuro clássico sob um guarda-pó alvíssimo, como uma manta de uma santa contemporânea. 
Sem dúvida fez diferença para uma imagem aprazível do que vinha a ser a escola, incógnita até o momento na minha rude infância sem nenhuma informação a respeito, no alto dos meus seis anos de idade.
Dona Vera, esta personagem mítica, fez-me acreditar em carinho fora da família e entender que existem mães além da nossa. 
Com afeto, recordo dessa pioneira que guardo no meu coração, entre Haydeés e Estelitas que se sucederam na minha vida escolar, até os dias acadêmicos com professores doutores não menos importantes.
Esta convivência breve e fragmentada, com estas incríveis pessoas que se doam, moldou  meus conceitos e valores, deixou saudades até de reveses e das repreensões, naturalmente superados e assimilados, bem como dos abraços apertados na formatura, daqueles que fizeram diferença, mesmo rigorosos que foram, habitam luminosos a minha memória. 

sábado, 29 de setembro de 2012

Sorria, sua vida te aguarda!



Todos andam num sentido...
Que inveja a desperta de quem flutua noutra direção
Tenta não sair do trilho, esperando resignada as passagens pelas estações.
Entoa cânticos nos cultos, dá suas opiniões. 
São apenas retóricas e não ações.
Aprendeu o certo, sua mãe se esforçou, amou a infância mas de súbito amadureceu. 
Da rejeição agarrou-se numa situação. 
De revolta e dúvidas, mas que lhe trouxe um alento
Mais uma vez, dela não dependia... 
Tão reais os sonhos mas esvaíram-se ao despertar
O que mais a reserva, ninguém imagina.
Na encruzilhada novamente, entre o racional e o emocional
Enclausurada pela escuridão, a espera de uma pequena luz
Que seja do seu interior ou mesmo de um astro que brilhe distante.
A cada momento um pensamento, exceto quando não se tem tempo
Perdendo-se na realidade, infinito é o sofrimento
Sensato aguardar?
Definição do seu destino, em suas mãos talvez esteja
Mas até lá...Viver o que há, cada dia da sua imensa vida
Com faíscas de alegrias momentâneas e cíclicas
Nos insights de felicidades marcantes e...
Quiçá paixão

para Fabiana