sexta-feira, 1 de março de 2013

O que é o justo?!

A justiça nem sempre é justa.
Condenar um ato pontual, que culminou num deslize, resultante de forças que ninguém ponderou.
Homens julgam os homens, mas com que direito?
Com o lastro da opinião pública, executando os culpados, como árbitro, favorecendo o time da casa.
Concurso público, eleições, indicações... Fazem capazes de serem justos?
E quem decide que possa merecer uma segunda chance?
Trabalhar e não ser valorizado, ter filhos e não poder criá-los, uma doença sem amparo.
Roubar institucionalmente é permitido. Ética somente na divisão do bolo.
O que faz banalizar o errado e condenar o certo?
Boa vontade ou boa fé, no início todos têm. Ainda é possível acreditar no homem primata.
Podia estar matando, podia estar roubando, podia estar estuprando...Condenado a pobreza, a indiferença e a sobrevivência.
Cidadão não pode matar bandido, a prisão é o seu lar dentro de uma fortaleza. Seus direitos aviltados e humilhados 0800 vezes.
Sistema viciado na propinolândia, indiferente aos olhos dos justos.
Esses justos que julgam sensacionalmente, que se  fazem guardiões da moralidade hipócrita.
Vão a missa e cultos, buscam cristos para pregar na cruz, aliviando as suas consciências para poderem abraçar seus filhos.
Assim constroem uma sociedade contemporânea!
No poder da economia e influência, numa autêntica cruzada pós moderna, oprimindo os comuns e matando os simples




domingo, 3 de fevereiro de 2013

Boemia



Glamour é fascinante, pessoas ao redor, falsas certamente, mas o que importa? 
Páginas e páginas de nomes nos contatos. Basta ligar para começar a programar. Muitas risadas, bebidas nos bares, gente bonita mas não interessante.
Fotos em poses nas redes sociais.Todos sorridentes, todos felizes...
Quanta importância que todos te dispensam. Porque é bonita? Ou toca uma viola?
Sei, sei, tem dinheiro, é independente. Uma boa companhia? Talvez...
Mas na real, ninguém precisa de um motivo.
Sexo é legal e está na moda, não é mais tabu. Praticando as fantasias, usando a parceria. Encontro é casual ou até formal.
Mas e esta sensação no final da noite? Solidão que acompanha a sua companhia.
Sem o eu identificado, chegando à casa vazia e escura. A luz da geladeira entreaberta iluminando os goles de água, espantando a ressaca que chegou com força.
É... Não tem relevância esta atitude automatizada exuberante. Até quando? Depende da sua mente.
Uma hora desperta a consciência e racionaliza o libido.
Pode ser um casamento, encontro com Jesus ou até cirrose hepática.












sábado, 19 de janeiro de 2013

Voltando da escola



10:40 hs, tocava o sinal...
Despedia-me do último amigo na Barão de Jaceguai.
Pela Praça Oswaldo Cruz, sob o imenso relógio que nunca vi funcionar, cruzava diagonalmente em meio a uma mata que parecia mais densa, para atravessar a cancela que vinha em seguida, na estação de trem, vazia, do ponto final da Central do Brasil.
Na calçada estreita dos pontos de ônibus, cheia de graxa e lixo abandonado, pedintes e algumas pessoas silenciosas na penumbra, perdidos ou não, pareciam esperar algo acontecer.
Caminhava receioso, apressava os passos para chegar logo em casa.
Rua Hamilton da Silva e Costa, 346, quarta quadra ao lado do Clube União, depois do boteco fechado ao lado da casa da Ana Lúcia, penúltima casa antes do calçamento acabar, no último poste com iluminação pardacenta de mercúrio. Fim do bairro Mogilar e o começo da Ponte Grande.
Sobrevivia assim, heróico, a mais um dia de travessia solitária, com gatos pretos cruzando a frente e cães anunciando a minha passagem.
Noite deserta e escura e enfim o aconchego do lar.
Luzes e vozes familiares, ufa! Agora podia relaxar...

sábado, 22 de dezembro de 2012

Rafaela

Ser o quiser ser, saber o que for possível.
Entender que é difícil entender,
Apenas viver conforme a sua expressão
Antes mesmo do seu próprio eu, 
Arte vem antes do artista
Fluindo natural e seguindo o seu curso.
Pela sensibilidade de xamã, vulnerável à beleza
Faz da simplicidade um toque para a grandiosidade
Torturada para ir além da mediocridade
Em busca de perfeição na criação
Para um sentido na vida e justificar um trabalho
Que será a moldura desse seu quadro exuberante
Diante do talento que é inato
Um manifesto à liberdade 
Para ser feliz a seu modo
No seu tempo e no seu espaço



sábado, 8 de dezembro de 2012

Feliz Natal



Teto é a primeira visão, claridade imensa vindo da janela que não foi bloqueada pela cortina. Pensamentos rápidos, raciocínio nem tanto, localizando-me no tempo e no espaço...Imóvel como se desconfiado, sentindo a situação...
Aroma de café paira no ar mixado ao de torrada com manteiga, barulho distante da rua, cachorro latindo, vozes pelo apartamento, não deve ser muito cedo.
Lembro-me de ter tentado ficar acordado... Mas não me lembro quando adormeci, nem se vi algo ou se ouvi. 
Ah é isso mesmo... O presente!
Na cabeceira, sob o travesseiro de fronha branca, encontro uma caixa com peças de madeira colorida ajustadas como um mosaico, com rodas para serem puxadas por uma corda vermelha com uma esfera amarela fixada por um nó na extremidade.
Seria para ficar ao pé de uma árvore brilhante e enfeitada mas nós não a tínhamos nem sei porque... Mas nunca me importei. 
Foi uma manhã como outra qualquer mas foi especial: Família reunida, trégua com a irmãzinha, havia uma certa magia inexplicável...Simples, radiante... 
Estranhamente, a sensação nunca mais se repetiu na minha lembrança. Outros Natais se passaram mas este foi o último da minha infância...

sábado, 17 de novembro de 2012

Mosaico


Telefone toca, uma mensagem chega,
Sorrio como criança,  me lembro de alguém
Ouço uma música, sinto um perfume,
Sonho como antigamente, feliz como ninguém
Brisa antes da chuva, cheiro de terra molhada
Dissipa-se a dor que me teve como refém...
Sempre amanhece, apesar da escuridão
Brilha o dia, agora sem piedade
Vejo sentido nesta vida em movimento
Tudo vai bem pra começar novamente
O mesmo caminho mas de um modo diferente
Colando mínimos fragmentos de felicidade 
Nesse mosaico que desenha a razão...





segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Professores e mestres


Inseguro no primeiro dia de aula, só e acuado numa imensa sala e lá veio ela com sua atenção discreta mas intensa, com sorriso angelical largo, em harmonia com o olhar acalentador.
Paciente e tranquila, esguia, elegante, trajando um tailleur escuro clássico sob um guarda-pó alvíssimo, como uma manta de uma santa contemporânea. 
Sem dúvida fez diferença para uma imagem aprazível do que vinha a ser a escola, incógnita até o momento na minha rude infância sem nenhuma informação a respeito, no alto dos meus seis anos de idade.
Dona Vera, esta personagem mítica, fez-me acreditar em carinho fora da família e entender que existem mães além da nossa. 
Com afeto, recordo dessa pioneira que guardo no meu coração, entre Haydeés e Estelitas que se sucederam na minha vida escolar, até os dias acadêmicos com professores doutores não menos importantes.
Esta convivência breve e fragmentada, com estas incríveis pessoas que se doam, moldou  meus conceitos e valores, deixou saudades até de reveses e das repreensões, naturalmente superados e assimilados, bem como dos abraços apertados na formatura, daqueles que fizeram diferença, mesmo rigorosos que foram, habitam luminosos a minha memória.